A centopéia que pensava
A Centopéia estava muito feliz com
ela mesma. Gostava de suas perninhas. Afinal, aquelas pernas todas nunca
faltariam e não sabia de ninguém no mundo com tanta perna junta. Além disso,
tinha descoberto que não era só pernas. Agora era muita cabeça.
Podia pensar, sabia que podia.
Só que não tinha
prática e resolveu treinar. “Vou pensar”, disse ela, e começou. “Que coisa
curiosa: a gente pode ter idéias, inventar histórias, fazer as coisas
acontecerem dentro de nossa cabeça antes que aconteçam fora. A gente pode
descobrir o segredo da vida, dos planetas, com um grande microscópio ou luneta.
A gente pode fazer muito bem ou muito mal para os outros e pode até mudar o
mundo. Tudo isso, apenas com o pensamento.”
É preciso pensar. Será que a gente só
pensa quando está na escola? Junto com a professora? Ou a gente pensa e aprende
a todo instante, em todo lugar? Pensando, pensando, a centopéia decidiu ter uma
idéia nova por dia e, aí, descobriu que pensar não é tão fácil, pensar dá trabalho,
custa esforço, é preciso vontade firme. E foi em frente. “Vou experimentar
durante uma semana.” Na segunda-feira resolveu pensar grande. Olhou para o céu
e se perguntou o que eram aqueles pontinhos luminosos brilhando lá em cima.
“Serão olhinhos a nos olhar? É uma festa lá longe, onde eu não posso ir? “
Resolveu conversar com Dona Girafa, que tinha o pescoço grande e devia ver mais
perto aqueles pontinhos de luz.
Dona
Girafa, me diga, o que é aquilo tão bonito lá em cima?
São estrelas, Dona Centopéia!
É
o que é estrela?
Estrela
são bolas de fogo imensas que giram lá no espaço há bilhões de anos-luz ou
mais. Algumas estão tão longe que acabam, mas continuamos a ver sua luz que
ainda não acabou de chegar aqui.
Meu
Deus! E eu que não sabia disso! Eu que achava minhas cem perninhas uma coisa
espetacular! Que fantástico é viver nesse mundo ao lado de tantas estrelas! Mas
por que o fogo delas não nos queima?
É
que estão muito longe, e aqui só chega esse pontinho de luz. Dona Centopéia
gostou da experiência de pensar e descobriu que se aprende com os outros quando
não se sabe pensar sozinha. Perguntar também é aprender. Ficou intrigada com o
fato de que a gente já nasce sabendo umas coisas, e outras têm de aprender. A
abelhinha, por exemplo, já nasce sabendo voar e fazer mel, mas não sabe o que é
uma estrela. (...) “Pensar é um grande e belo mistério!”
Herbert
de Souza ( Betinho)
(Retirado do Site: http://pt.scribd.com/doc/36191301/A-Centopeia-que-pensava
em 25/10/2012)
Nenhum comentário:
Postar um comentário